Cafeterias em Madri e Barcelona passaram a adotar uma cobrança não apenas pela bebida, mas também pelo tempo de permanência dos clientes, medida que visa administrar o elevado fluxo turístico e otimizar a rotatividade das mesas. Em um dos estabelecimentos mais comentados, o Bar “Perfetto” em Barcelona aplica preços escalonados conforme o tempo: valores tradicionais até 30 minutos, tarifas intermediárias entre 30 e 60 minutos e aumento significativo para permanências acima de uma hora
Essa prática se insere em uma tendência global iniciada nos “anti-cafés” russos, onde o cliente paga por minuto de uso, não pela consumação Wikipedia. Na Espanha, o movimento coincide com o recorde de fluxo turístico — foram quase 94 milhões de visitantes em 2024 — gerando pressão sobre a disponibilidade de assentos e ampliando o debate sobre experiências de consumo em grandes centros urbanos
1. Como funciona em Barcelona
Em Barcelona, o bar Perfetto instalou um sistema de cronômetro que determina o preço da bebida de acordo com o tempo de uso da mesa.
Até 30 minutos: valores tradicionais (espresso a €1,30, cortado a €1,40, café com leite a €1,60, chá a €2).
30–60 minutos: todos os cafés a €2,50 e chás a €3
Acima de 1 hora: preço único de €4 para qualquer bebida.
A justificativa dos proprietários é garantir que mesas em alta demanda não fiquem ocupadas por clientes que consomem pouco e demoram muito para usar o espaço
2. Contexto do Turismo na Espanha
Em 2024, a Espanha atingiu um recorde histórico de 94 milhões de turistas internacionais, um aumento de 10% em relação a 2023, gerando um gasto de 126 bilhões de euros e consolidando o país como o segundo destino mais visitado do mundo, atrás apenas da França
Esse crescimento, apesar de impulsionar a economia, tem gerado desafios em cidades como Barcelona e Madri, onde a escassez de assentos e a alta demanda por cafés e restaurantes levam a estratégias para otimizar o giro de clientes

3. Origem e evolução dos “anti-cafés”
O conceito de cobrar pelo tempo de permanência surgiu em Moscou, por meio dos chamados anti-cafés, onde clientes pagam apenas pelos minutos gastos no espaço, com consumíveis muitas vezes incluídos gratuitamente
- O modelo ganhou força em 2010 com a rede Ziferblat, fundada por Ivan Mitin, oferecendo ambiente tipo “sala de estar”, wi‑fi, jogos de tabuleiro, e cobrança de cerca de 2 rublos por minuto
4. Reações e polêmicas
A adoção do modelo de cobrança por tempo gerou reações mistas entre frequentadores locais e turistas.
- “Não quero ficar vendo o relógio enquanto tomo meu café; é um bar, não um espaço de coworking”, reclamou um cliente no Facebook.
- Por outro lado, defensores argumentam que a medida é justa diante do alto fluxo de quem “esgota” mesas sem novos pedidos quando há clientes aguardando

5. Implicações para o setor
A cobrança por tempo representa um desdobramento da busca por maior rentabilidade e eficiência em ambientes de alta rotatividade. À medida que o turismo se mantém em patamares recordes, estratégias de gestão de espaço, como reservas com tempo limitado e tarifas que variam conforme a demanda, tendem a se expandir em grandes cidades europeias.
A iniciativa de cronometrar o tempo dos clientes em cafés de Madri e Barcelona reflete um cenário onde turismo intenso e escassez de assentos impulsionam soluções inovadoras — e polêmicas — para otimizar o uso dos espaços urbanos. Inspirada nos anti-cafés russos, essa prática promete testar os limites da paciência dos consumidores, ao mesmo tempo em que redefine o conceito de permanência em estabelecimentos de convivência social.
Comenta aqui embaixo a tua opinião, deve ou não cobrar pela permanência?